Reflexões

"É melhor atirar-se à luta em busca de dias melhores, mesmo correndo o risco de perder tudo, do que permanecer estático, como os pobres de espírito, que não lutam, mas também não vencem, que não conhecem a dor da derrota, nem a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito, ao final de sua jornada na Terra não agradecem a Deus por terem vivido, mas desculpam-se perante Ele, por terem apenas passado pela vida." (Robert Nesta Marley ou Bob Marley para os fãs)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Imagem e texto no ENEM e nos vestibulares

Simpósio: DISCURSOS E(M) IMAGENS: A CONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS NA ERA DAS MATERIALIDADES SINCRÉTICAS
Título:
DA SEMIOLOGIA AOS ESTUDOS DO DISCURSO: DISPOSITIVO TEÓRICO PARA ANÁLISE DO ENUNCIADO SINCRÉTICO
Autor(es): JOCENILSON RIBEIRO DOS SANTOS - UFSCAR
Resumo:
Conforme postulou Jean Davalon (2007) - em seu texto A imagem, uma Arte de Memória apresentado em um colóquio denominado Linguagem e Sociedade em Paris em abril de 1983 – entre o registro da realidade e da memória social, entre a produção de um acontecimento e a função social de instituição ou reinstituição do tecido social atribuída à memória, existe um distanciamento que separa a “realidade” do “fato de significação”. É a partir deste postulado que o autor faz uma importante questão: “faria essa distância pensar, em suma, que a memória, como fato social, comportaria uma dimensão semiótica e simbólica que lhe seria intrínseca?” Assim como os modos de significação pautados numa linguagem verbal estão sob a égide de uma ordem do discurso, não nos é estranho pensar que os sentidos construídos e constituídos via linguagem não-verbal também respeitem a uma ordem do olhar numa comunidade. Nesta perspectiva, Davalon conclui que a imagem, por poder operar o acordo dos olhares, apresentaria a capacidade de conferir ao quadro da história a força da lembrança, já que, de certo modo, a imagem passa a ser o registro das relações intersubjetiva e social. Por outro lado, tal como destaca Barthes, a sociedade contemporânea tem apresentado uma infinidade de textos, em número muito maior que antes, cujas linguagens revelam a complexidade de uma sociedade que cada vez mais desenvolve tecnologicamente suas formas de comunicação e relação social. Para uma análise semiológica da imagem, Barthes (1964), na Retórica da imagem, postula que devemos compreender a estrutura da imagem em seu conjunto, isto é, o funcionamento das mensagens linguística, icônica codificada (cultural) e não codificada (perceptiva) concomitantemente. A partir destas e de outras reflexões à luz deste semiólogo, estudaremos a imagem e o texto numa perspectiva discursiva. É, portanto, deste lugar que situamos este trabalho que tem como uma de nossas preocupações compreender como se dá a constituição dos enunciados sincréticos nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e Exame Nacional do Desempenho dos Estudantes (ENADE) – ambas fazem parte do corpus de pesquisa desenvolvida em nível de mestrado. A escolha de textos imagéticos nas provas se justifica pelo fato de, ao longo dos últimos cinco anos, este tipo de questão ter aumentando consideravelmente nas provas, exigindo dos alunos/candidatos uma interpretação para a qual muitas vezes não foram preparados, já que não há uma teoria ainda consolidada para este fim. Neste trabalho, apresentaremos, pois, algumas análises de questões destes dois exames que apresentem enunciado multimodal, cujo estudo está sob o prisma teórico da análise do discurso de filiação francesa e da semiologia pensada no interior da história cultural (COURTINE, 1981; 2005). Portanto, nosso referencial teórico se pauta nas discussões traçadas pelos estudiosos de linguagem no âmbito dos estudos semiológicos, discursivos e históricos cujos nomes principais são: R. Barthes, M. Pêcheux, M. Foucault, J. Davalon e J.-J. Courtine, considerando que as contribuições dos conceitos teóricos propostos por estes pensadores são pertinentes para os estudos do texto multimodal, em especial os conceitos de discurso, enunciado, semiologia.

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